O papel do registro genealógico no processo de seleção de gado de corte

Por Zilah Maria G. Cheuiche, superintendente do Registro Genealógico da ABHB e coordenadora interina do PampaPlus

O controle de genealogia é fundamental no melhoramento genético de bovinos de corte. Tomando como exemplo as nossas raças, é possível imaginar que o fundador do Hereford, Benjamin Tomkins, em 1742, utilizava livros de anotação para identificar os cruzamentos que culminaram na definição da raça, e sua expansão do pequeno condado inglês de Herefordshire para o mundo. Mais recentemente, também através do controle de genealogia, foi criada a raça sintética Pampiana, o Braford nascido no Brasil. Um trabalho criterioso de criadores e técnicos junto à Associação, que levou 30 anos até o seu reconhecimento oficial pelo MAPA. Desde o formato rudimentar de anotação até os recursos tecnológicos disponíveis atualmente, o registro das gerações fornece ao selecionador subsídios para a tomada de decisão dentro do processo produtivo de bovinos de corte.

O registro genealógico é responsável pela inscrição, guarda de documentos e fornecimento dos certificados raciais. Devido à sua importância na comprovação da origem dos indivíduos, é fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que delega este serviço às associações de raça. De acordo com o Ato Declaratório, o criador é o responsável pelos dados fornecidos e por eventuais inconsistências. A veracidade das informações enviadas tem importância não apenas ética, mas fundamental para o processo de seleção e melhoramento genético dos rebanhos.

O controle destas informações pode ser um entrave para alguns criadores, já que o processo de escrituração na maioria das propriedades passa por diversas pessoas. Desde o funcionário do campo que pesa, identifica e anota na caderneta, passando por alguém do escritório ou para o próprio criador que digita e envia os dados. No caso de envio em planilha Excel, a informação ainda terá que ser lançada no sistema pelo setor de registros. Tatuagens, datas, identificação dos pais, notas e pesos são números passando por diversas pessoas, o que pode, naturalmente, dar margem à erros. É possível minimizar estes erros através do uso de cadernetas de campo organizadas e auditáveis nas propriedades. No escritório, fazer a organização das pastas de documentos e planilhas eletrônicas por ano ou safra, mantendo todas as informações salvas de forma sistemática e de fácil procura. Também é importante respeitar os prazos regulamentares de envio de comunicados, evitando despesas desnecessárias.

O exame comprobatório de paternidade através de DNA ainda não é obrigatório para todo o rebanho registrado brasileiro. Atualmente é exigido apenas para uma porcentagem dos animais dentro dos regulamentos de cada raça. Uma das dificuldades atuais em se testar todo o rebanho está na insuficiência no número de laboratórios credenciados para realizar este exame no Brasil. Outro obstáculo é alto valor a ser pago para examinar todos os animais registrados, o que acarretaria em ainda maiores custos de produção. Entretanto, ao longo do tempo, a tendência é que cada vez mais animais sejam testados, aumentando a acurácia das informações de genealogia.

Fotos: Ana Virgínia Guterres

Ascom ABHB

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