PEA e PEG: A integração entre produtividade e impacto ambiental na pecuária

A pecuária tem buscado soluções concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa sem comprometer a produtividade dos rebanhos. Nesse contexto, a Prova de Emissão de Gases (PEG) age como uma ferramenta estratégica. Desenvolvida em uma parceria entre a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) e a Embrapa Pecuária Sul, a PEG está sendo aplicada em reprodutores das raças Hereford e Braford, e tem como principal objetivo medir a emissão de metano (CH₄) por animal de forma precisa e aplicada ao melhoramento genético.

O metano, gerado naturalmente no processo de fermentação entérica dos ruminantes, sua produção representa uma perda de energia para o animal, entre 2% e 12% da energia ingerida pode ser desperdiçada na forma desse gás. Assim, animais que emitem menos metano não apenas contribuem para a mitigação das mudanças climáticas, como também tendem a ser mais eficientes na conversão do alimento em peso corporal.
Essa relação entre emissão de gases e desempenho produtivo é justamente o que a PEG busca quantificar. Com a medição da emissão de metano em reprodutores alimentados em sistema de confinamento, a prova permite avaliar quanto gás é emitido por quilo de alimento consumido e por quilo de peso vivo produzido. A partir desses dados, será possível gerar DEPs específicas para a característica de emissão, integrando esse critério aos programas de seleção genética tradicionais.

Para pesquisador da Embrapa, Cristina Genro, o cruzamento das informações da PEG com dados zootécnicos é fundamental para uma pecuária mais eficiente e sustentável. “Essa prova nos traz um resultado muito importante, que é a intensidade de emissão desses animais. Ou seja, quanto esses animais estão emitindo para cada quilo de peso vivo que eles estão produzindo. Com isso, a gente pode fazer uma classificação dos animais pela sua eficiência na utilização do alimento e a transformação desse alimento em ganho de peso”.

Esse elo com a eficiência alimentar é reforçado pela Prova de Eficiência Alimentar (PEA), realizada paralelamente no mesmo grupo de touros. A PEA monitora o consumo e o ganho de peso de cada animal ao longo de 70 dias, utilizando cochos eletrônicos e balanças de precisão. O objetivo é identificar quais reprodutores produzem mais carne com menos alimento, uma característica que impacta diretamente na rentabilidade da atividade, já que o custo com alimentação pode representar até 70% do custo total da produção de carne.

Mas, como explica Álvaro Fonseca, pesquisador da Embrapa, o grande diferencial da PEG é trazer um critério ambiental concreto para a seleção genética. “O principal objetivo da avaliação do metano é identificar reprodutores com mérito genético para as principais características produtivas e também que emitam menos metano. Isso certamente gerará um impacto muito positivo na questão da emissão de gases de efeito estufa”

Essa integração entre desempenho produtivo e impacto ambiental torna a PEA e a PEG uma das iniciativas mais relevantes dentro dos programas de melhoramento genético. A partir dos dados coletados, será possível selecionar reprodutores que mantêm alta produtividade, mas que também ajudam a reduzir o impacto ambiental da pecuária.

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