Painel do Sicredi debate o mercado da carne: cruzamento com raças britânicas pode melhorar a qualidade

PedrodeFelício

Estar ao lado do produtor, unindo forças e parcerias. Foi com este objetivo que a Associação Brasileira de Hereford e Braford em parceria com a Cooperativa Sicredi Pampa Gaúcho realizaram na noite da última quarta-feira (17) o segundo painel de debates durante mais uma Exposição Nacional de criadores das raças. Em pauta, um tema bastante propício para a atualidade: a qualidade da carne brasileira e as perspectivas e desafios do mercado do boi gordo.

“Ver o auditório cheio é uma grande satisfação”, admitiu orgulhoso o CEO da ABHB, Fernando Lopa, logo na abertura da atividade. “A ABHB, uma Entidade que promove as raças Hereford e Braford, também promove a excelência da pecuária brasileira. Por isso trouxe aqui palestrantes de renome nacional para além de compartilhar suas experiências e especialidades, conhecer o pampa, a fronteira e um pouco da cultura do Rio Grande do Sul e das peculiaridades das nossas criações”.

PublicoSicredi

Foi exatamente isso o que fez o médico veterinário Dr. Pedro Eduardo de Felício, Professor titular aposentado da Faculdade de Engenharia de Alimentos, da UNICAMP. Em Alegrete desde segunda-feira, cumpriu uma longa agenda com a ABHB.

Participou do Projeto A Ferro e Fogo, organizado pelo chef Marcos Livi, realizou uma visita ao Frigorífico Silva, em Santa Maria, acompanhado da Gerente do Programa Carne Pampa, Fabiana Freitas, e da Maestra Churrasqueira, Beth Schreiner. Ainda viajou para Uruguaiana, onde concedeu entrevista ao vivo para o Jornal do Almoço local. Ao longos destes dias, foi conhecendo e visualizando um pouco do Pampa e da Pecuária gaúcha.

VisistaFrigorífico

Palestra

Com o tema “tópicos de qualidade de carne bovina, opções de compra no mercado varejista”, Dr. Felício subiu ao palco do restaurante do Parque de Exposições Dr. Lauro Dornelles por volta das 19 horas da última quarta-feira, momento em que buscou compartilhar com as dezenas de pessoas que vieram prestigiar o II Painel de Debates da Sicredi aspectos históricos da evolução do mercado de carne brasileiro, sem deixar de pautar algumas referências internacionais, como a padronização utilizada nos Estados Unidos e na Austrália.

Ao contrário destes dois países, lamentou o fato de o Brasil não ter uma padronização da carne mas garantiu que as opções de compra para grelhados e churrasco, no mercado varejista, estão sendo ampliadas. “Nos açougues e supermercados, já está disponível uma variedade de cortes embalados de boa qualidade para o paladar do consumidor exigente”.

O Brasil já produz carne de qualidade, principalmente na região sul do País, mas as consideradas  Premium ou  Extra Premium ainda são insuficientes para atender à demanda crescente dos restaurantes especializados e de consumidores exigentes. Com o avanço da genética e o aumento dos cruzamentos entre animais de origem britânica – como o Hereford e o Braford – e os zebuínos, a tendência é o rebanho melhorar e produzir cada vez mais carne de alta qualidade.

“A venda de sêmen de raças britânicas para cruzamento com o zebuíno tem crescido assustadoramente. Isso pode melhorar a qualidade. Diria que é a solução para a gente conseguir mastigar a carne, conseguir consumi-la”, admitiu.

O que acontece hoje é resultado de um século de evolução. “Pelo menos 102 anos de inspeção federal, com instalação de frigoríficos estrangeiros, desde 1919; a utilização de embalagem à vácuo, com cortes menores, maturação e menor prazo de conservação. Utilização de tecnologia na pecuária”, elencou Felício ao emendar: “um século de grandes transformações, possibilitando o surgimento de iniciativas de valorização da carne, como a busca por maciez, sabor e suculência”.

A palestra também buscou retratar a situação do mercado da carne no que se refere à qualidade funcional de interesse dos consumidores. Para tanto, os tipos de carne são agrupados arbitrariamente segundo padrões compreensíveis e parcialmente utilizados pela indústria em Extra Premium,  Premium, Linha Grill e Carne para o Dia a Dia.

“O restante, que é a quase totalidade do que é produzido, não atinge o nível exigido para classificação”.  São de vacas de descarte e machos não castrados com maturidade acima do desejável e deficiência de acabamento.

Boi Gordo

AlexLopes

Alex Lopes, Zootecnista que atua na Scot Consultoria, falou na sequência sobre o Mercado do Boi Gordo, perspectivas e desafios. Ele acredita que a exportação pode crescer em 2017 com a abertura do mercado norte-americano. Vê com bons olhos o ano no Brasil.

“A perspectiva já está melhor. A intenção de consumo das famílias têm melhorado”. Ele fez um alerta, entretanto. Na opinião do especialista o setor ainda precisa melhorar a defesa da qualidade do processo. “Precisamos cada vez mais unir forças para garantir uma maior representatividade na defesa da cadeia produtiva”.

FotoOficial

Por fim, um apanhado geral sobre manejo de forrageiras tropicais, com o Engenheiro Agrônomo pela PUC de Uruguaiana, Mário Freitas.

Por Tatiana Feldens, reg. Prof. 13.654

Ascom ABHB

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